domingo, 27 de fevereiro de 2011

Reciclando ideias

Poucos dias atrás eu não pude deixar de pensar sobre o ato retrógrado de jogar lixo nas ruas. Eu estava em um ônibus coletivo quando, inesperadamente, uma passageira sentada no assento na minha frente virou-se para trás e, utilizando “minha janela”, arremessou uma lata (acho que de refrigerante) para o lado de fora do veículo. De tanto já ter presenciado cenas iguais a essa, elaborei uma metodologia que, aparentemente, parece infalível. Cada vez que eu perceber que alguém vai se livrar do lixo da forma mais incorreta possível, eu pedirei antecipadamente o objeto e guardarei para colocá-lo em local apropriado para coleta. Só esta ação, por si só, já poderia funcionar e fazer com que a pessoa pensasse duas vezes na próxima ocasião. Sem precisar usar uma só palavra. Infelizmente ainda não fiz meu primeiro experimento, de forma que venho a compartilhar com vocês, para que possam ajudar o meio ambiente e a nossa saúde. Pratiquem!

Fazer com que uma pessoa entenda a importância de não se jogar lixo nas ruas não é uma tarefa fácil. Parece que enquanto ela não visualizar o resultado prático de tal atitude, enquanto não fazer nenhum sentido para ela, não fará diferença. Foi assim comigo. Eu ouvia o alerta via professores, televisão, rádio... Mas uma mensagem sempre passada de forma vazia, descontextualizada; sem sentido. Até que tive a oportunidade de conhecer uma pessoa incrível, uma educadora, que, través de uma fórmula simples, objetiva e clara, mostrou-me a importância da atitude. Fórmula é modo de dizer; na verdade, do que me lembro, ela apenas comentou em uma das atividades que tivemos o quão absurdo e feio era alguém jogar lixo nas ruas. Nesse caso, em especial, foi por uma questão de bom senso estimulado, digamos.

Outra experiência inesquecível e enriquecedora foi durante uma viagem à cidade de Paulo Afonso, na Bahia. Lembro-me que, em conversa sobre a administração municipal com o então prefeito da cidade, fiz alguma pergunta para ele que, certeiro, arriscou responder com um sábio questionamento.

 - Você sabe qual é a cidade mais limpa do mundo?

Naquele momento, viajei pelas cidades mais famosas do mundo, nos seis continentes, e, não chegando a lugar algum, fui interrompido por uma garotinha que também estava na viagem e, certamente, apreciava a cena e via minha agonia.

 - Eu sei.  Posso responder?

O silêncio geral que se fez a autorizava a continuar. E ela, muito inteligente, percebeu.

- É aquela que menos se suja. 

Fui o primeiro a aplaudir, emocionado e meio desconcertado. Ela foi certeira.

Depois destas duas experiências a primeira coisa que percebi foi o quanto as cidades careciam de caixas coletoras nas ruas. O jeito era usar a sacola e os bolsos das roupas até encontrar um local mais adequado para me desfazer do lixo.


Muitos problemas seriam resolvidos, ou pelo menos minimizados, se não jogar lixo nas ruas fosse uma prática coletiva. Os alagamentos maximizados pela obstrução de canais, córregos e afins, por exemplo, é uma consequência corrente nos períodos de chuva. Poluição do meio ambiente também está na lista.

Se você é um (a) daqueles (as) que ainda joga lixo nas ruas, mude. Experimente a sensação gostosa de levar seu lixo até em casa e jogá-lo no local adequado. Mas se isso já é uma atitude constante sua, torne-se, agora mesmo, um educador, mostrando para as pessoas a importância de preservar o nosso ambiente.
Seja lá como for, o importante é ficar com a consciência limpa!

Josevaldo  Campos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Escolas de samba do Rio choram a 30 dias do carnaval

Vi, com tristeza, às 06h30 de ontem (07), o fogo destruindo os galpões da Cidade do Samba, no Rio de Janeiro. Estive no local poucas semanas atrás, e, na oportunidade, visitei também a quadra da Portela, em Madureira, bairro do subúrbio da cidade, como narrei aqui em Retratos Avessos. Foi uma emoção muito grande sentir a energia daquele lugar, todo ornamentado com as cores azul e branco, e a empolgação e carisma dos anfitriões daquela escola. Ontem, a emoção que senti foi triste. O azul e branco cederam lugar para um cinza poluído.

Eu me preparava para deixar o apartamento de um hotel onde eu estava, numa cidade do interior da Bahia, quando vi as imagens iniciais da tragédia pela televisão. Chorei, com todo o sentimento de quem apreciaria e torceria, pela primeira vez, para uma escola de samba do Rio de Janeiro. Era como se eu tivesse feito parte de toda a história daquelas escolas, que tivesse dedicado cada minuto do dia e da noite nos últimos meses para a construção de sonho colorido e festivo. De fato, só restava lamentar.

A decisão de não rebaixar nenhuma escola esse ano e de não julgar os grupos prejudicados (Portela, União da Ilha e Grande Rio) é justa e favorecerá, ainda mais, o espírito carnavalesco. E, embora seja uma informação importante para se evitar problemas futuros de mesma natureza, identificar a origem do incêndio tentando apontar a escola responsável, nesse momento, não importa.

Josevaldo Campos
Foto: G1