quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Carnaval do bicho

Quando se fala em carnaval, a primeira imagem que se faz é de muita felicidade, alegria. Carnaval do Rio de Janeiro, por exemplo, lembra aquelas ornamentações suntuosas das escolas de samba, num desfile milimetricamente organizado, tudo pensado minuciosamente para a composição de uma harmonia rítmica e quase infalível. No entanto, nas últimas semanas quem está ditando o samba-enredo de grandes personalidades do carnaval carioca é a Polícia Federal. O brilho e o colorido de renomadas escolas desabam com as ações da “Operação Dedo de Deus”, que tem colocado na ala das denúncias sambistas de destaque, delegados, ex-prefeitos, guardas municipais, policiais militares e civis, dentre outros que também fazem parte da folia.

Já são dezenas de pessoas presas envolvidas no famoso jogo do bicho. No topo da lista, dançou o presidente da Beija-Flor, Aniz Abraão David, escola campeã do carnaval desse ano, Hélio Ribeiro de Oliveira, presidente da Grande Rio, e Luiz Pacheco Drummond, presidente da Imperatriz Leopoldinense. Essa semana, a PF apreendeu na mansão de Hélio, na linda Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do RJ, reduto de milionários, nada menos que R$3 milhões e valor em euros ainda não declarado, mas com certeza o suficiente para muita gente fazer festa. E por falar em Barra da Tijuca, bairro lindo e com uma urbanização que causa inveja a qualquer favela carioca, o local tem escondido muita sujeira.

As prisões acontecem também em outros estados do país, como Pernambuco, Bahia e Maranhão, curiosamente locais em que o carnaval é destaque e a folia corre solta. Coincidência ou não, o fato é que todas as apreensões estão relacionadas com suspeitas de envolvimento no jogo do bicho. Além de muito capital de giro, literalmente falando, jóias e carros de luxo, sem colocar na conta patrimônios como imóveis de luxo, que também devem entrar na fatura.

Nesse samba todo, fica a interrogação de como ficarão essas escolas de samba com os seus principais patronos imobilizados (acredita-se) atrás de grades pálidas, totalmente diferentes do colorido visto no sambódromo.

Josevaldo Campos