sábado, 16 de janeiro de 2016

O dia em que Tucano pediu fim à violência contra as mulheres


Combater a violência contra as mulheres é uma luta de todos

Tucano amanheceu diferente nesta sexta-feira, 15 de janeiro. Um tom laranja tomou conta da histórica Praça da Caixa D’água e encheu de movimento as principais avenidas do centro da cidade. Mulheres, homens, de todas as idades, caminharam em reivindicação ao fim da violência contra a mulher, uma violência sorrateira que não escolhe cor, não escolhe condição econômica nem orientação sexual.

Cada passo dado tinha como objetivo provocar a sociedade tucanense e o poder público para a criação de espaços de denúncia, ajuda e proteção, até porque como bem dizia uma das faixas ostentadas no percurso, “sociedade que se cala é sociedade omissa”.


Puxado pelo Coletivo Por um Futuro Laranja, o movimento reuniu muita gente. O laranja predominante, a propósito, que aguçou a curiosidade de muitos, inclusive a minha, deve-se ao fato de ser a cor escolhida pelas Nações Unidas para evocar a solidariedade às mulheres, sejam adultas, adolescentes ou crianças, vítimas da violência no mundo inteiro, além de também ser uma cor que retrata a energia necessária para que elas superem as situações violentas, explicava um manifesto distribuído aos participantes e ao gestor do município durante a passeata.


Recentes acontecimentos em Tucano contribuíram para suscitar este dia histórico na cidade. Mas a luta é muito mais ampla, alerta a organização.  A professora Valquíria Lima da Silva, membro do Coletivo, lembra que a violência contra a mulher não é um privilégio dos tempos modernos.  “São cinco séculos de educação machista. Uma sociedade que se funda, que tem na base do seu alicerce a violência contra a mulher, não desenraíza nem desconstrói isso tão rapidamente. É preciso que todos nós demos as mãos e os braços na luta contra esse problema histórico da sociedade brasileira”, pontua.

Dona Orlene Pimentel, 52, compreendeu a importância do momento e atendeu ao chamado: foi pra rua! O sentimento dela se multiplicava em centenas de corações que pulsavam esperançosos dentro da passeata. “Eu sou totalmente a favor da luta contra a violência contra a mulher, porque mulher merece respeito, merece carinho e isso não pode acontecer. Violência nunca, nem psicológica, nunca, jamais violência contra a mulher. Eu vim com todo o meu carinho, com todo o meu amor”, relata, orgulhosa, e vestindo, como todos por ali, a camisa do movimento.


O movimento defende a criação de alguns espaços públicos específicos nos municípios, como delegacias especializadas, centros de referência, casas de passagem e profissionais capacitados para atendimento a mulheres em situação de violência, e os classificam como essenciais para que se possa avançar na luta e garantir às mulheres o direito à vida.

No entanto, defende Valquíria, a mudança estruturante só virá depois que o tema adentrar as salas de aula de forma enérgica. “Como educadora, eu acredito que nós precisamos ocupar as escolas. É preciso que os currículos escolares comecem a traduzir essa insatisfação, essa agonia que é a violência contra a mulher, para que a gente possa reeducar as nossas crianças e os nossos jovens, até porque desconstruir é mais difícil que construir, principalmente quando essa construção já tem 500 anos”.


Como está dito no próprio manifesto, a passeata foi o primeiro passo e todos querem mais do que justiça pelas mulheres que já morreram, mas, principalmente, respeito pelas mulheres que estão vivas.

Tomara que a iniciativa de Tucano seja multiplicada em outras cidades, em outros estados e de forma contagiosa. Porque quando todos gritarem, a violência contra a mulher será a única sufocada da história.

Josevaldo Campos
Fotos: Ricardo Luiz, Óieu e Retratos Avessos

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Nova presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Euclides da Cunha é uma jovem e mulher


Tomou posse na manhã desta segunda-feira (04) a nova presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Euclides da Cunha (STTR), a jovem Elaine Silva. É a primeira vez na história da entidade que uma mulher e jovem assume o cargo.

Durante a sua fala, a presidente agradeceu cada associado que foi até a sede do sindicato para votar nela e disse que pretende fortalecer ainda mais o trabalho de base realizado pelo sindicato com os agricultores e agricultoras rurais. “O que eu puder fazer, fortalecer e defender a nossa categoria eu vou fazer, e eu digo a nossa categoria porque sou trabalhadora rural e sou da agricultura igual a vocês. Muito obrigada. Garanto a vocês que vou fazer valer a confiança que vocês me deram”, disse a jovem.

Com apenas 27 anos e moradora da comunidade Fazenda Mata, Elaine é associada ao STTR desde 2008 e, a partir de 2012, assumiu o cargo de secretária de mulheres. Casada e mãe de uma menina, ela também integra, desde 2008, o quadro de jovens do Coletivo Regional de Juventude e Participação Social (CRJPS), na base de Euclides da Cunha.



Para o coordenador geral do CRJPS, Dailson Andrade, a ascensão da jovem representa um momento importantíssimo na luta pelo empoderamento da juventude e possui uma simbologia muito forte para as mulheres. “Ver uma jovem trabalhadora rural, negra, daqui e mãe de família, porque Elaine podia entrar nas estatísticas de mulheres que engravidaram, ela não foi gravidez indesejada, foi gravidez planejada com seu esposo, mas ela podia entrar nas estatísticas de muitas que saem, engravidam, largam a vida, se isolam da sociedade e ficam dentro de casa sendo empregadas de seus maridos. É um símbolo Elaine ser presidente por causa disso”, avaliou Dailson.

CRJPS