terça-feira, 29 de junho de 2010

Chuvas. O que elas significam?

Curiosa a sequência de fortes chuvas que vem acontecendo em alguns estados brasileiros. Especialistas tentam encontrar nas ciências alguma explicação plausível para os acontecimentos, mas no fundo, eles não têm certeza exatamente do que acontece com a natureza, ou o que a natureza tem feito acontecer. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia... 2010 começou com muita chuva, cenas surpreendentes proporcionadas pela natureza. Muitos deslizamentos, mortes, desabrigados, famílias completamente ilhadas, sem saber para aonde ir nem o que fazer. Prefeitos e governadores sem saber por onde começar a reconstruir as cidades atingidas. E nós, daqui de frente da televisão, imóveis, sem a certeza se no dia seguinte acordaremos com o sol do verão ou se seremos carregados sem destino pelas correntezas violentas. Agora parece ter chegado a vez de Pernambuco e de Alagoas. Em meio aos mais de 57 mortos, os estados vizinhos tentam sobreviver, buscando se apegar onde ainda possa haver alguma possibilidade de escapar, onde ainda haja algum sinal de esperança.

Não é fácil ver as pessoas chorando desesperadamente, vendo móveis, casa, filhos debaixo d’água. São sonhos, trabalho, vidas indo embora com a lama. E diante de todo esse sofrimento, diante das lágrimas, dos milhares de milímetros de água que cai e leva consigo tudo que encontra pela frente, diante das infinitas dúvidas e da total ausência de certeza a respeito do que pode estar acontecendo, uma pergunta, inevitável, deve soar na mente de muita gente: qual será o próximo estado?

Não apostaria que a ciência é capaz de prever. Mas acredito que no meio de tudo isso a natureza quer, no mínimo, nos dar um recado. Sábios serão aqueles que conseguirem entender. Eu, por enquanto, vou tentando economizar água, não jogando lixo nas ruas, não poluindo as águas... Na dúvida, é melhor não arriscar. Abra o olho!

Josevaldo Campos

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Desiguais, mas nem tão diferentes


Sabe, eu gostaria de ter uma conversa com você, especialmente você que mora nos bairros de classe média e alta, que vive cercado por muros e grades, com toda a sua segurança. Queria saber o que você tem pensando sobre os constantes assaltos nessas regiões privilegiadas.

Uma das coisas que te faz optar morar por aí é (era) a ausência de assaltos, certo? Então agora quando vejo nos meios de comunicação notícias de que essas muralhas têm sido invadidas, que as ruas pavimentadas com mármore não estão mais tão intactas, questiono-me qual deve ser o pensamento de vocês que, não importando como, conseguiram morar por aí. Minha aposta é no discurso de que as pessoas que estão tirando vossa paz vêm das periferias, das favelas, são os negros... Pois bem, tomemos, por parte, esse possível argumento e pensemos no seguinte. Não é nenhuma novidade e se vê até em novela da Globo que jovens abastados mantêm o vício nas drogas com mesadas que recebem dos pais e, quando a situação já está fora de controle e a grana curta, roubam as coisas de casa, vendem pequenos objetos de valor de uso próprio e da família para sustentarem o vício. Pergunta: o que vocês acham que estes jovens fariam se não tivessem alguma forma de conseguir dinheiro dentro de casa?

Do outro lado da história, mais famílias, outras vidas, drogas. Dessa vez, sem mesada, sem objetos de valor e alguns trocados negociados por um trabalho árduo, muitas vezes desumano. Pergunta: como estas pessoas manterão o vício?

É curioso o fato de a polícia invadir o barraco do pobre, mas não ousa tocar na mansão do bacana. Escala fácil as escadarias do morro, mas é incapaz de subir os elevadores de quem mora no asfalto. Chega a ser uma contradição se pensarmos no alto custo que é para manter certos tipos de drogas e onde a polícia costuma fazer as apreensões. Estão enganados pensando que somente nos morros são feitas as grandes negociações. Não acredito nas estatísticas que jogam nas costas dos negros, dos pobres e moradores de bairros populares a culpa pela manutenção do tráfico de drogas no país.

Solução? Se você for capaz de responder as perguntas feitas acima de forma sensata, está com o poder nas mãos. Tente.

Josevaldo Campos