sábado, 19 de dezembro de 2015

Jovens querem curso técnico em enfermagem e agropecuária no IFBA de Euclides da Cunha


Representantes dos Coletivos de Jovens de Euclides da Cunha (Cojec), Tucano (Coaj) e Quijingue (CMJQ) se reuniram na tarde desta sexta-feira (18) com o diretor do campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) de Euclides da Cunha, Antonio Adolfo Mendes, para entregar um documento onde o grupo formaliza à reitoria uma proposta de criação dos cursos técnico em agropecuária e técnico em enfermagem para serem ofertados no local.



Atualmente, o campus oferece formação técnica em edificações e informática. Segundo os jovens, mesmo havendo demanda para estas modalidades, os cursos não representam a realidade do município nem da região bem como o desejo da juventude, público alvo principal da instituição. “O município de Euclides da Cunha possui sua maior economia baseada na atividade agropecuária e possui uma população de mais de 26 mil jovens, o que corresponde a 46% do número total de habitantes. Além disso, em todos os encontros oficiais de juventude e de juventude rural, a proposta de disponibilização de cursos técnicos nestas duas áreas [agropecuária e enfermagem] específicas é, sem exceção, sempre aprovada por unanimidade. Entretanto, para os cursos já aprovados para Euclides da Cunha, o Coletivo Regional, que participa de todos estes encontros democráticos de diálogo, não possui registro de reivindicação nem de aprovação para os mesmos”, aponta o documento.

Durante a reunião, os jovens falaram sobre a criação da Lei de ATER, que instituiu a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) e a recente Chamada Pública para execução do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PRONATER, medidas que têm estimulado a abertura de vagas de trabalho e de geração de renda para jovens com formação técnica em agropecuária. “O curso técnico oferece respostas ao mercado em menor tempo que a graduação regular, o que desperta o interesse da maior parte dos jovens, pois muitos são agricultores rurais em atividade, e preenche com maior prontidão e menor tempo a oferta de vagas de trabalho em toda a região”, diz o documento.

Em relação ao curso técnico em enfermagem proposto, o grupo explicou para o diretor que atualmente diversos jovens dos três municípios são obrigados a arcar com o pagamento de mensalidades em uma instituição privada, mesmo sem terem condições. “Os esforços para manterem as parcelas em dia, para aqueles que conseguem, são sobrenaturais e todos nutrem a esperança de que o IFBA possa disponibilizar um curso gratuito na área”, explicam.



Para o diretor, a reivindicação dos Coletivos de Jovens é oportuna, principalmente frente à possibilidade de Euclides da Cunha sediar um curso de medicina, o que demandaria profissionais também na área de enfermagem, mas alertou sobre as dificuldades de se instalar qualquer um dos dois cursos, especialmente pela necessidade de bons laboratórios.

Segundo Adolfo, em janeiro de 2016 deve acontecer uma segunda audiência para tratar dos cursos em andamento. Os Coletivos de Jovens dos três municípios já informaram que participarão do encontro e que mobilizarão a juventude para lutar pela implantação dos cursos técnicos em enfermagem e em agropecuária. “Um investimento de tamanha importância como é o campus do IFBA em Euclides da Cunha não pode deixar a desejar justamente naquilo que é a essência da instituição, de promover formação técnica de qualidade e condizente com a realidade local e regional. Temos a convicta certeza de que esta demanda será devidamente analisada e encaminhada a quem mais é de direito, a fim de garantir que o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia campus Euclides da Cunha possa futuramente representar na história da região um grande ícone fomentador do desenvolvimento social e econômico dos cidadãos pertencentes às cidades beneficiadas, e cumprindo, assim, o que está previsto na missão da Instituição”, complementa a carta.

O documento será encaminhado pela diretoria do IFBA ao reitor Prof. Renato da Anunciação Filho. Na oportunidade, os jovens informaram que também realizarão uma pesquisa de satisfação com os estudantes acerca dos cursos hoje ofertados e farão um abaixo-assinado nos três municípios para endossar a reivindicação.



Ao término da reunião, os jovens fizeram um passeio de reconhecimento pelas instalações do campus a convite do diretor.

Os Coletivos de Jovens de Euclides da Cunha, Tucano e Quijingue integram o Coletivo Regional de Juventude e Participação Social (CRJPS), entidade sem fins lucrativos, formada e gerida por jovens de quatro territórios de Identidade da Bahia e que tem por missão contribuir com o processo permanente de organização social da juventude, com vistas à sua inserção econômica, cultural, política e socioambiental.

Josevaldo Campos






terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Coletivo de Jovens promove coleta de lixo e conscientização ambiental em cachoeira da cidade

O Coletivo de Jovens de Euclides da Cunha (Cojec) recolheu durante a manhã deste domingo (13) uma quantidade inacreditável de lixo que foi jogado por visitantes em toda a área da Cachoeirinha da Queimada do Raso, em Euclides da Cunha.

A ação contou com a participação de 25 jovens, a maior parte integrante do Cojec, além de moradores e visitantes que abraçaram a ideia e colocaram a mão na massa, ou melhor, no lixo.



Recém-chegada no Coletivo de Jovens de Euclides da Cunha, Emily Almeida, 16, experimentou sua primeira ação prática e afirmou ter gostado do que viu, e, principalmente, do que ela pôde fazer pela natureza. “É realmente interessante, é realmente motivador você fazer uma ação como essa, porque nem todas as pessoas que chegam e jogam o lixo aqui voltam para pegar, então esta ação que estamos fazendo agora espero que seja resultante, que continue não só a gente vindo aqui para limpar, mas que as pessoas que jogarem seus lixos se conscientizem e levem ele embora”, disse a jovem.


Além de recolher o lixo que desequilibrava a beleza do local, os jovens plantaram mudas de árvores nativas da caatinga, colocaram placas com mensagens sobre preservação ambiental e instalaram duas lixeiras produzidas com pneus. Quando o grupo chegou ao local, seu Ademir dos Santos Costa, 47, lançou olhares curiosos para toda aquela movimentação. Minutos depois, ele já estava com um saco na mão e contribuindo com a ação. “Quando chego de São Paulo é o primeiro lugar que venho visitar para ‘dar uma refrescada’. A ação deu outro visual no local”, avaliou.


Vitor Silva tem 15 anos e é filho de seu Ademir. Assim como o pai, ele também se sensibilizou com a atitude dos jovens e se juntou ao grupo. “É bom ajudar a natureza e preservar o meio ambiente, porque muitas matas tão morrendo aí por causa disso. Achei bacana, legal”, elogiou.



Para o Cojec, as palavras do pequeno Vitor exemplificam com precisão o objetivo da ação ambiental naquele espaço: provocar na sociedade o espírito de preservação e de respeito com o meio ambiente. “Só de você vê esse local aqui como ele estava antes da gente chegar para agora, a atmosfera daqui já é outra. Vocês podem observar que não tem mais lixo aqui ao redor. Essa é uma questão educativa. Parabéns pela atitude de vocês, que isso cresça e que vire um hábito”, disse Regis Cabral Mendonça, técnico agropecuária que participou da ação depois que ficou sabendo pelo Facebook.


Josevaldo Campos, jornalista, membro do Coletivo de Jovens de Euclides da Cunha (Cojec).


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Jovens de Euclides da Cunha farão ação ambiental na Cachoeirinha da Queimada do Raso

No próximo domingo, dia 13 de dezembro, um grupo de jovens de Euclides da Cunha abrirá mão de acordar mais tarde, desfrutar de uma manhã de domingo e lazer com a família ou entre amigos para realizar uma ação ambiental na Cachoeirinha da Queimada do Raso, local distante 09 km do centro da cidade.

Os jovens fazem parte do Coletivo de Jovens de Euclides da Cunha (Cojec), grupo organizado e que integra o Coletivo Regional de Juventude e Participação Social (CRJPS). No local, o grupo vai recolher o lixo que foi deixado pelos visitantes, inserir lixeiras produzidas com pneus e fixar placas com mensagens educativas pedindo à população que preserve o espaço.

Com beleza deslumbrante, a Cahoeirinha, como é popularmente conhecida, é cercada por vegetação nativa e formações rochosas e fica localizada em uma propriedade particular. Os jovens sairão da Praça da Juventude às 5h30 de bicicleta e com destino ao local da ação. A intervenção é aberta para quem quiser acompanhar e é a primeira que os jovens realizarão na cidade para incentivar a preservação ambiental.

A ação conta também com o apoio da Comac, Material de Construção Senhor do Bonfim e ConstruShop, que contribuíram com a doação de tintas e madeiras para confecção das lixeiras e placas, além do Barbosa Pneus e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Euclides da Cunha.



Se você tiver interesse em apoiar as iniciativas do Cojec ou receber mais informações, envie um e-mail para cojec.crjps@gmail.com. Curta também nossa página no Facebook (www.facebook.com/cojec).

CRJPS – O Coletivo Regional de Juventude e Participação Social é uma entidade sem fins lucrativos, formada e gerida por jovens de quatro territórios de Identidade da Bahia e que tem por missão contribuir com o processo permanente de organização social da juventude, com vistas à sua inserção econômica, cultural, política e socioambiental.

COJEC – Formado em 2008, o Coletivo de Jovens de Euclides da Cunha reúne jovens de diversas agremiações, comprometidos com o desenvolvimento social da cidade, promoção da cidadania e o empoderamento da própria juventude.

Josevaldo Campos


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Quarta edição do Sarau na Rua fará referência ao mês da Consciência Negra



A quarta edição do Sarau na Rua já tem data marcada, 28 de novembro (sábado) e fará referência à luta do Movimento Negro, em alusão ao mês da Consciência Negra – Novembro Negro.

Pensado para resgatar, promover e divulgar a cultura local, sob diversas tonalidades artísticas, o Sarau na Rua volta seus olhos multicoloridos e multifacetados para provocar a luta dos afrodescendentes, repudiando a segregação, a desigualdade, a discriminação e o preconceito nas suas diversas formas sorrateiras de se manifestar.

A iniciativa artística, como já é sabido, nasceu em Tucano, fruto da inquietação de alguns jovens do Coletivo Ação Juvenil de Tucano (Coaj), movimento organizado e parte integrante do Coletivo Regional Juventude e Participação Social (CRJPS). 

Não só a cidade de Tucano é majoritariamente branca, como também a cor da pele de quem organiza o Sarau. O diferencial que faz com que os jovens se voltem para a temática e enxerguem uma grande oportunidade de dar visibilidade à causa por meio da arte está nos olhos de quem tenta frear a máquina mortífera do preconceito e da discriminação racial.

Tucano também tem comunidades negras, quilombolas, dizem os mais estudados. Um povo negro que não se reconhece como tal e parte disso se deve à ausência de iniciativas que estimulem o autoconhecimento como negro e a valorização de uma tradição.

Há na internet uma frase atribuída a Paulo Autran que diz o seguinte: “Todo preconceito é fruto da burrice, da ignorância, e qualquer atividade cultural contra preconceitos é válida”. Referendar o Movimento Negro quando todo o estado da Bahia estará voltado para homenagear o Novembro Negro, a Consciência Negra, é oportuno. E deixa de ser clichê, banal, a partir do momento em que os organizadores decidiram abordar o tema por meio dos três eixos já trabalhados no Sarau: Desigualdade Social, Movimento LGBT e Feminismo. 

Outra novidade vai tornar este dia diferenciado, singular. O artista da terra, Mohzah Nascimento, que conquistou recentemente o primeiro lugar no Festival Metropolitano de Música Vozes da Terra 2015, em Feira de Santana, confirmou presença na noite. Será mais uma voz para ressoar, expandir os gritos de um povo que anseia por liberdade, pelo direito de livremente ser o que ele é.

No dia 28 de novembro, a quarta edição do Sarau na Rua não só vai reunir muita gente de Tucano e cidades vizinhas que já tornaram o evento agenda imperdível, mas também arrecadará alimentos não perecíveis, roupas, brinquedos e livros para doar em comunidades carentes da cidade. Se for de coração e achar justa a causa, doe.

O Sarau na Rua começa às 19h, o palco é livre e multicolorido. Como bem sugere a frase de Paulo Autran, se esta iniciativa contribuir para a diminuição da burrice, da ignorância, terá valido a pena e cumprido o seu papel. Porque o preconceito e a discriminação, sejam eles racial, social ou econômico, terão terminado no dia em que a consciência humana prevalecer sobre todas as outras cores.  

Josevaldo Campos

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Culturando na Praça. Iniciativa de três coletivos de jovens está versando ideias transformadoras para municípios

Sábado e domingo, dias 07 e 08 de novembro, jovens dos municípios de Tucano, Quijingue e Euclides da Cunha, semiárido baiano, abriram mão de estarem com as famílias, de viagens e até da habitual presença dos amigos para participarem daquilo que os desavisados classificariam como “trabalho de adulto”.

Tratava-se da primeira edição do Culturando na Praça – Versando Ideias, um projeto itinerante de intercâmbio, formação e promoção cultural desenvolvido pelos coletivos de jovens dos três municípios, todos integrantes do Coletivo Regional de Juventude e Participação Social (CRJPS).

A manhã do sábado começou com cada coletivo apresentando as principais ações que estão sendo desenvolvidas nos respectivos municípios e aquelas que estão previstas para serem executadas. Diferentemente do que geralmente acontece nos “trabalhos de adultos”, as apresentações tinham muito mais o formato de um bate-papo, não só pelo fato de serem jovens com o papel e a caneta nas mãos, mas, sobretudo, porque as ações desenvolvidas e apresentadas ali são conhecidas de todo o público e integram o rol de intervenções do CRJPS.

Nos intervalos das apresentações, cada coletivo trouxe para o palco uma mostra cultural. Aliás, para cada canto do espaço que se observava, via-se alguma manifestação artística se versando.

À tarde, reunidos em grupos, os jovens levantaram propostas de bandeiras de luta para debate e aprovação e posterior realização de ações individuais e coletivas, além de um bate-papo com um dos coordenadores do CRJPS, que falou sobre os novos desafios para a juventude. 

Dentre os principais temas a serem trabalhados no próximo ano está Feminismo, Preservação Ambiental, Não Redução da Maioridade Penal, Legalização da Maconha e Causa LGBT, temas da atualidade e que precisam ser discutidos e compartilhados com a sociedade, livres de preconceitos. A principal ação será promover nas escolas dos municípios formação e oficinas educativas com estudantes do ensino fundamental e médio.


Para fechar a tarde de atividades, cada coletivo promoveu uma formação sobre os seguintes temas e provocou nos participantes a criação de um produto, os quais foram apresentados em praça pública : genocídio da juventude (Coletivo de Jovens de Euclides da Cunha – Cojec), que culminou com um amplo debate e composição coletiva de uma canção intitulada “Qual a cara do ladrão?”. O Coletivo de Jovens de Tucano (Coaj) trouxe uma discussão sobre apropriação cultural, tendo como base o uso dos turbantes, abordando a história e uso consciente do objeto. Durante o evento noturno na Praça Maria Bonita (o nome não podia ser mais oportuno), os participantes fizeram turbantes na cabeça de diversos expectadores, deixando o ambiente ainda mais cult. Super bonito!

O Coletivo de Quijingue (CMJQ), por sua vez, botou o povo pra dançar, literalmente, com uma oficina de dança. E os jovens mostram, à noite, que têm muita ginga no pé. Os aplausos do público carimbaram a qualidade e beleza da apresentação final. E essa foi apenas uma das apresentações artísticas que animaram a noite da primeira edição do Culturando na Praça, onde toda forma de linguagem cultural pôde se manifestar.

Domingo, bem cedo, era hora de acordar e seguir, em caminhada, rumo a um açude da cidade, onde estava prevista uma ação socioambiental. Por lá, os jovens realizaram a limpeza de todo o entorno do local (muito bonito, por sinal, a água é uma delícia para o banho), plantaram mudas de árvores, instalaram lixeiras recicladas e ecológicas, produzidas pelos coletivos para este fim, e colocaram placas com mensagens educativas clamando aos visitantes para preservar o ambiente.

Embora a ação tenha sido um sucesso e muito lindo o engajamento de todos, a cena final era de lamentar. Vários sacos grandes de lixo, repletos de material descartável de todo tipo, foram recolhidos pelos jovens. Um retrato fiel – e triste – da forma como a comunidade local trata aquele oásis, popularmente chamado de açude. Todo o material reaproveitável vai virar arte nas mãos do artista plástico Adriano Motta, que, inclusive, abraçou a ideia do Culturando e estava por lá o tempo todo dando suas contribuições.

Com a intervenção, a vegetação que cerca o açude ganhou outra cara, sem o colorido agressivo do lixo. Ao retornar para o centro da cidade, as inúmeras reflexões entre os jovens foram inevitáveis e um sonho ficou plantado lá naquele espaço: que as árvores cresçam, produzam, e que brotem novas ideias na cabeça de todos que frequentem o local.

Josevaldo Campos, jornalista