quinta-feira, 3 de junho de 2010

Desiguais, mas nem tão diferentes


Sabe, eu gostaria de ter uma conversa com você, especialmente você que mora nos bairros de classe média e alta, que vive cercado por muros e grades, com toda a sua segurança. Queria saber o que você tem pensando sobre os constantes assaltos nessas regiões privilegiadas.

Uma das coisas que te faz optar morar por aí é (era) a ausência de assaltos, certo? Então agora quando vejo nos meios de comunicação notícias de que essas muralhas têm sido invadidas, que as ruas pavimentadas com mármore não estão mais tão intactas, questiono-me qual deve ser o pensamento de vocês que, não importando como, conseguiram morar por aí. Minha aposta é no discurso de que as pessoas que estão tirando vossa paz vêm das periferias, das favelas, são os negros... Pois bem, tomemos, por parte, esse possível argumento e pensemos no seguinte. Não é nenhuma novidade e se vê até em novela da Globo que jovens abastados mantêm o vício nas drogas com mesadas que recebem dos pais e, quando a situação já está fora de controle e a grana curta, roubam as coisas de casa, vendem pequenos objetos de valor de uso próprio e da família para sustentarem o vício. Pergunta: o que vocês acham que estes jovens fariam se não tivessem alguma forma de conseguir dinheiro dentro de casa?

Do outro lado da história, mais famílias, outras vidas, drogas. Dessa vez, sem mesada, sem objetos de valor e alguns trocados negociados por um trabalho árduo, muitas vezes desumano. Pergunta: como estas pessoas manterão o vício?

É curioso o fato de a polícia invadir o barraco do pobre, mas não ousa tocar na mansão do bacana. Escala fácil as escadarias do morro, mas é incapaz de subir os elevadores de quem mora no asfalto. Chega a ser uma contradição se pensarmos no alto custo que é para manter certos tipos de drogas e onde a polícia costuma fazer as apreensões. Estão enganados pensando que somente nos morros são feitas as grandes negociações. Não acredito nas estatísticas que jogam nas costas dos negros, dos pobres e moradores de bairros populares a culpa pela manutenção do tráfico de drogas no país.

Solução? Se você for capaz de responder as perguntas feitas acima de forma sensata, está com o poder nas mãos. Tente.

Josevaldo Campos

4 comentários:

  1. Olá Camarada,
    Saudações!

    Concordo contigo. Acredito que quando essas muralhas forem saltadas......!

    Abraxé.

    Robson Dy Corrêa
    Teatrologo e Cineasta

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  2. Olá querido amigo,
    quero parabenizá-lo, pois adorei o seu Blog.
    Seus textos nos fazem refletir...um super beijO
    Sucesso

    Ariane Almeida

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  3. Olá Brother.
    Muito bom esse texto
    e muito refletivo para
    nos questionarmos mais
    sobre uma sociedade em
    que vivemos,cheia de
    banalidade,racismo e etc.

    valeu

    Einael Reis

    15/06/2010

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  4. È bastante complicado esse tipo de questionamento, eu particularmente não vejo a vida dessa forma, que só negros e pobres roubam, assaltam, matam e etc.
    O preconceito é muito grande em relação a tudo isso, e o ditado prevalece, "um negro correndo é ladrão, e o branco correndo é atleta" pura injustiça e preconceito também! é curioso também como vem crescendo o número de policiais envolvidos em grandes roubos etc. e tal.

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