quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Carnaval do bicho

Quando se fala em carnaval, a primeira imagem que se faz é de muita felicidade, alegria. Carnaval do Rio de Janeiro, por exemplo, lembra aquelas ornamentações suntuosas das escolas de samba, num desfile milimetricamente organizado, tudo pensado minuciosamente para a composição de uma harmonia rítmica e quase infalível. No entanto, nas últimas semanas quem está ditando o samba-enredo de grandes personalidades do carnaval carioca é a Polícia Federal. O brilho e o colorido de renomadas escolas desabam com as ações da “Operação Dedo de Deus”, que tem colocado na ala das denúncias sambistas de destaque, delegados, ex-prefeitos, guardas municipais, policiais militares e civis, dentre outros que também fazem parte da folia.

Já são dezenas de pessoas presas envolvidas no famoso jogo do bicho. No topo da lista, dançou o presidente da Beija-Flor, Aniz Abraão David, escola campeã do carnaval desse ano, Hélio Ribeiro de Oliveira, presidente da Grande Rio, e Luiz Pacheco Drummond, presidente da Imperatriz Leopoldinense. Essa semana, a PF apreendeu na mansão de Hélio, na linda Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do RJ, reduto de milionários, nada menos que R$3 milhões e valor em euros ainda não declarado, mas com certeza o suficiente para muita gente fazer festa. E por falar em Barra da Tijuca, bairro lindo e com uma urbanização que causa inveja a qualquer favela carioca, o local tem escondido muita sujeira.

As prisões acontecem também em outros estados do país, como Pernambuco, Bahia e Maranhão, curiosamente locais em que o carnaval é destaque e a folia corre solta. Coincidência ou não, o fato é que todas as apreensões estão relacionadas com suspeitas de envolvimento no jogo do bicho. Além de muito capital de giro, literalmente falando, jóias e carros de luxo, sem colocar na conta patrimônios como imóveis de luxo, que também devem entrar na fatura.

Nesse samba todo, fica a interrogação de como ficarão essas escolas de samba com os seus principais patronos imobilizados (acredita-se) atrás de grades pálidas, totalmente diferentes do colorido visto no sambódromo.

Josevaldo Campos

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

As entrelinhas do caso USP

Impossível não imaginar como seria o tratamento dado pela mídia ao episódio envolvendo estudantes da Universidade de São Paulo (USP), presos por usarem maconha dentro das dependências da instituição, se o evento tivesse ocorrido em alguma universidade do Nordeste. Depois que três jovens foram abordados e conduzidos à delegacia no último dia 27, várias manifestações se sucederam e tem colocado a renomada Universidade no cenário de polícia. São 14 dias de greve, audiências, assembleias e nenhuma definição.

- Baderna e violência.

- Estudantes da Universidade...presos por uso de drogas e atos de vandalismo.

Utilizo as frases acima para representar uma possível escalada de abertura de um jornal nacional, quero dizer, de um noticiário de abrangência nacional, e não, necessariamente, de um Jornal Nacional, com iniciais maiúsculas, caso o episódio tivesse sido aqui, na Bahia, por exemplo.

E para o Sudeste, para a USP, instituição renomada, repito, pelo seu histórico de ostentar dentro dos seus muros, hoje nem tão sólidos, os melhores e mais organizados estudantes do país, exemplos a serem seguidos por todo o Brasil, incluindo, exclusivamente, o Nordeste...

- Universidade Federal de São Paulo.

- Estudantes manifestam contra atuação violenta da polícia.

A inversão de adjetivos e transformação de interpretação de ações é, no mínimo, muito interessante. Uma corrida rápida pelos principais jornais da região onde está situada a USP mostra-nos, de imediato, a escolha cuidadosa no uso de algumas palavras ou expressões, e a quem coube a honra de conjugar verbos com carga negativa.

Dentre tantas construções, chamou-me a atenção para destacar aqui a seguinte frase, postada em um jornal nacional, com iniciais minúsculas, vale relembrar, mas que não vem ao caso citar o nome. “Os estudantes que estão na ocupação não permitem que a imprensa filme ou fotografe as assembleias”. No mínino, essa simples e ingênua frase renderia uma tese sobre as diferenças de semântica entre as palavras “ocupação” e “invasão”, essa última tão naturalmente empregada por alguns veículos grandes de comunicação quando se trata de uma manifestação de movimentos sociais, para exemplificar. Ainda sobre a frase, estranhei não ter suscitado um amplo debate sobre liberdade de imprensa, o que, salvo engano, seria natural pela conduta que se observa da grande mídia diariamente.

Outro debate inevitável, que renderia aí, por baixo, umas duas semanas de assunto para a mídia, e que passou despercebido (penso), seria a partir do e-mail enviado por um estudante à presidente Dilma, onde solicita o lançamento do “Bolsa Maconha”. Ao que me parece, nesse caso, para a mídia, o Bolsa Família, programa do Governo Federal, que deve ter alimentado a imaginação desse estudante, seria positivo. Só nesse caso!

Resta, ainda, os “revolucionários”. Foi o nome mais carinhoso, digamos, que os jornais conseguiram para se referir aos estudantes grevistas, do Sudeste, da USP. Se no Nordeste, vândalos seria, automaticamente, sinônimo. Finalizo estes lances de reflexão com a interrogação de Diana Assunção, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp): “Prenderam e levaram para a delegacia um estudante que consumia maconha. Não se pode criminalizar o usuário na rua, mas dentro da universidade pode?”.

Dentre tantas possibilidades de interpretação, uma preocupação é visível nos depoimentos do reitor da USP, João Grandino Rodas: a Universidade de São Paulo tem muito o que preservar  e isso está além de um simples debate de proibir ou não proibir. Ainda há de sair muita fumaça dessa história.


Josevaldo Campos

domingo, 23 de outubro de 2011

O peculiar mundo das redes

Os limites entre o público e o privado, dentro do universo da convivência em rede, tema sugerido para a prova de redação do Enem desse ano, não podia ter exemplo mais prático durante a aplicação das provas. Refiro-me às notícias de jovens estudantes que foram eliminados do processo ao serem flagrados usando o celular para acessar as redes sociais nos dois dias de prova, em regiões diferentes do país.

As redes sociais têm se transformado numa espécie de prisão digital
Embora a ideia proposta pelo MEC com o termo “público” não se refira necessariamente a espaço geográfico, a exemplo de uma sala de aula, e sim à perspectiva de quebra de privacidade, esses casos de desclassificação nos levam a refletir um pouco sobre a proporção e a forma com que as redes sociais têm crescido. Um espaço primordialmente sem regras, que confina milhões de pessoas por segundo, movidas por interesses variados, e que tem se transformado, em muitos casos, numa espécie de “prisão digital”.

Os sintomas dessa nova febre, que tem, surpreendentemente, superado o poder atrativo da televisão entre o público infanto-juvenil com acesso à internet, podem se manifestar das formas mais esdrúxulas.  Tentar twittar durante uma prova, em um ambiente em que aparelhos eletrônicos de qualquer espécie são proibidos, é um caso emblemático e não pode ser interpretado apenas como uma demonstração de ingenuidade.

Com a popularização dos preços de aparelhos eletrônicos de última geração, o que significa possibilidade de realização de sonhos de muitos adolescentes e jovens, como iPads, iPhones, tablets, smartphones e notes, dentre tantos outros, a vida em rede tem se tornado cada vez mais habitual. Ter um perfil hoje no Facebook ou dizer what’s happening no Twitter tornou-se uma questão de identidade, de não apenas dizer o que você pensa, mas que você existe.


Josevaldo Campos

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Jovens do semiárido baiano debatem agricultura familiar em evento no Espírito Santo

Cerca de 40 jovens da Bahia estão reunidos em Domingos Martins, cidade da região serrana do Espírito Santo, para a quarta edição da Jornada Nacional do Jovem Rural, que esse ano traz como tema “Por uma Agricultura Familiar, Profissional e Inovadora”. Os jovens, na maioria, fazem parte do Coletivo Regional Juventude e Participação Social, do semiárido do estado, e se integram a mais 350 jovens de todas as regiões do país nas atividades.

O evento, que acontece de 23 a 26, reúne debates sobre temas relacionados com o ambiente rural e a agricultura familiar, além de apresentações culturais, feira de produtos regionais, oficinas e minicursos. No primeiro dia de atividade, o Coletivo de Jovens, em diálogo com a comissão organizadora e as entidades presentes, propôs inserir na programação da Jornada conferências livres regionais e uma nacional de juventude preparativa para a 2ª Conferência, que acontece em Brasília de 09 a 12 de dezembro. Os mais de 200 jovens que participaram das discussões elaboraram propostas específicas para a juventude rural, que serão encaminhadas para a comissão organizadora do encontro nacional.

A Jornada é uma iniciativa da Rede Jovem Rural, composta pelas organizações Casas Familiares Rurais (ARCAFAR SUL), Centro de Desenvolvimento do Jovem Rural (CEDEJOR), Instituto Souza Cruz, Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (MEPES), Movimento de Organização Comunitária (MOC) e o Serviço de Tecnologias Alternativa (SERTA).

Texto: Josevaldo Campos
Foto: Divulgação

Coletivo de Jovens do semiárido baiano pauta Conferência de Juventude na IV Jornada Nacional do Jovem Rural

Cerca de 30 jovens do Coletivo Regional Juventude e Participação Social do semiárido baiano estão reunidos em Domingos Martins, cidade da região serrana do Espírito Santo, para a quarta edição da Jornada Nacional do Jovem Rural, que esse ano traz como tema “Por uma Agricultura Familiar, Profissional e Inovadora”. Além do Coletivo, mais de 350 jovens de todas as regiões do país participam das atividades.

O evento, que acontece de 23 a 26, reúne debates sobre temas relacionados com o ambiente rural e a agricultura familiar, além de apresentações culturais, feira de produtos regionais, oficinas e minicursos. No primeiro dia de atividade, o Coletivo de Jovens, em diálogo com a comissão organizadora e as entidades presentes, propôs inserir na programação da Jornada conferências livres regionais e uma nacional de juventude preparativa para a 2ª Conferência, que acontece em Brasília de 09 a 12 de dezembro. O resultado não poderia ser melhor: mais de 200 jovens participaram das discussões e elaboraram propostas específicas para a juventude rural, que serão encaminhadas para a comissão organizadora do encontro nacional.

A Jornada é uma iniciativa da Rede Jovem Rural, composta pelas organizações Casas Familiares Rurais (ARCAFAR SUL), Centro de Desenvolvimento do Jovem Rural (CEDEJOR), Instituto Souza Cruz, Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (MEPES), Movimento de Organização Comunitária (MOC) e o Serviço de Tecnologias Alternativa (SERTA).

Texto: Josevaldo Campos

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Projeto desenvolvido por jovens de Tucano é destaque nacional

O projeto Cinema Rural – o Mundo da Libertação, desenvolvido pelo Coletivo de Jovens de Tucano (COAJ), foi eleito pelo Banco do Nordeste como uma das cinco melhores experiências dentre mil projetos aprovados no edital de microprojetos culturais em todo o Nordeste do país.

No dia 07 de agosto, um representante da Superintendência do Banco do Nordeste do Estado da Bahia, Gabriel Lemos, e do gabinete da Presidência da Área de Gestão Cultural, Tibico Brasil, se reuniram em Tucano com jovens do Coletivo para gravar um documentário sobre a experiência do projeto Cinema Rural, que será divulgado em todo o Nordeste como exemplo de experiência inovadora na área cultural.

“O Projeto é uma experiência muito importante na área audiovisual porque traz à tona a realidade cultural da região e principalmente porque foi e é feito por jovens rurais, na grande maioria filho de agricultores familiares. É uma experiência que precisa ser conhecida em todo Brasil”, declara Tibico Brasil.

Para David Andrade, representante do COAJ e coordenador do Projeto na cidade, esse reconhecimento é muito importante. “Quero agradecer os jovens que fizeram parte desse projeto, em especial os das comunidades de Quixaba Santa Rita e Cana Brava, os quais foram protagonistas deste projeto”, disse.

MEMÓRIA - 20 jovens de quatro comunidades rurais de Tucano participaram de uma formação em produção de vídeo através do projeto intitulado Cinema Rural – O Mundo da Libertação. Os jovens, depois da formação, criaram documentários que retratam as manifestações culturais e artísticas das comunidades envolvidas, além de identificar os problemas existentes em cada localidade. Os jovens têm entre 17 e 29 anos e são moradores das próprias comunidades beneficiadas: Quixaba Santa Rita, Canabrava, Pedra Grande e Beira do Rio.

Texto: Josevaldo Campos, com informações de David Andrade

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Displicência global

Ontem a Rede Globo apresentou, através do Fantástico, o desrespeito à lei e a natureza com ocupações ilegais de terras no Brasil. Áreas de Proteção Ambiental que foram invadidas para dar lugar a casas de alto luxo e garantir o conforto de poucos. Pergunta-se: e o local onde está instalado o PROJAC (Central Globo de Produção) no Rio de Janeiro não constituiu degradação ambiental? 

Para que a sede fosse construída e transformada no maior núcleo de televisão da América Latina foram derrubados cerca de 3,99 milhões de metros quadrados de floresta. Seria, por acaso, tal intervenção na natureza justificável em benefício do conforto de muitos (funcionários e proprietários)? Tudo legal? Esse foi o mesmo discurso utilizado pelos ilustres proprietários das nobres residências.

Josevaldo Campos

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A singela e discreta homofobia

Hoje (01), quando eu estava a caminho do trabalho, um desses jovens que vendem produtos avulsos entrou no coletivo. Ele, que aparentemente lembrava muito o vocalista Léo Santana, da banda Parangolé (só para ilustrar o físico), fez o ritual comum entre esses vendedores: foi distribuindo entre os passageiros mostras dos produtos para depois tentar vendê-los. Quando ele começou a falar, com uma voz mais delicada e sensível, digamos, os olhares cruzados e os risos maledicentes foram automáticos. Sem perder o foco, ele seguiu com suas vendas, enquanto os risos, cada vez mais indiscretos e introspectivos, iam aumentando.
Ele vendeu e desceu. Velhos e novos olhares, antes ocultos retraidamente, voltaram-se para as janelas do veículo, certamente para comprovar através da forma de andar do jovem alguma teoria homofóbica.

Josevaldo Campos

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Rodoviária de Salvador vira mercado de alface

Sábado, dia 16, quando cheguei na rodoviária de Salvador para viajar pro interior, avistei um colorido diferente do habitual. Era alface. Isso mesmo. Três vendedores com três carros de mão repleto de pés de alface ornamentavam a entrada principal da estação e lançavam, assim, o mais novo ponto de comércio informal da cidade. “Dois reais”, diziam para os clientes que se aproximavam meio tímidos. Perplexo com a cena, saquei minha câmera da sacola e, discretamente, registrei a novidade. 

Eles vendiam sem cerimônia, com a tranquilidade de quem ocupa legalmente um dos boxes de qualquer feira livre de Salvador. Apareceu um guarda local, falou-lhes alguma coisa e, ao concordaram, desapareceu. Eles atenderam prontamente os clientes que aguardavam e, em seguida, deslocaram-se não mais que cinco metros, arrumando novamente suas barracas-ambulantes em fila, agora disputando o espaço com pessoas que aguardavam por um taxi. Outro guarda. Passa olhando, faz que vai comentar alguma coisa, desaparece também.

Curioso ainda mais, sigo na direção dos vendedores para acompanhar a proeza e tentar fazer novas fotos. Desisto da câmera, passo por perto de um deles, admiro a beleza e o verde resplandecente dos alfaces. “Vamos ficar aqui?”, questiona um jovem do grupo. “Claro, vamos sair por quê?”, responde um mais velho. Novos clientes se aproximam e eu me afasto para comprar minha passagem. Antes de sumi, olhei novamente aquele verde forte que se sobressaia entre pessoas e carros e dava outra cara ao local. Se a moda pega, vai ser um pepino pra resolver!

Texto e foto: Josevaldo Campos

sábado, 4 de junho de 2011

Juventude sisaleira ganha espaço na internet para divulgar suas ações

A juventude do Território do Sisal ganhou um espaço na internet específico para expor suas ações. O blog Alô Sisal (www.alosisal.blogspot.com), de autoria do estudante de jornalismo, Josevaldo Campos, tem o objetivo de divulgar as experiências de comunicação desenvolvidas pelos jovens da região, e proporcionar a multiplicação destas iniciativas.

Segundo o responsável pelo trabalho, a ideia de fazer o blog surgiu a partir da ausência de um canal de informação específico para a juventude e que conseguisse divulgar as iniciativas para fora dos municípios onde estas ações acontecem. “A região tem uma juventude articulada, que é referência internacional de protagonismo, e que desenvolve projetos que podem servir de experiência para outros estados e países. Através de uma rede de contatos que está sendo criada, estas iniciativas vitoriosas serão divulgadas no mundo todo, o que ampliará, inclusive, as possibilidades de financiamento de novos projetos”, explica Josevaldo.

Com apenas dois meses no ar, o novo canal de informação já é acessado em países como Estados Unidos, Alemanha e Rússia, resultado, inclusive, de divulgação nas redes sociais disponíveis. O blog reúne textos curtos e de fácil leitura, mesclados com vídeos e fotos. “A ideia é que a partir do segundo semestre os Coletivos de Jovens da região sisaleira assumam a gestão desse espaço, e ampliem o foco das postagens para além das experiências de comunicação”, acrescenta o responsável.

O blog foi criado para ser apresentado como trabalho de conclusão do curso de jornalismo, mas nasce com uma proposta muito mais abrangente e ousada. O autor do trabalho, Josevaldo Campos, 24, nasceu na cidade de Lamarão (BA), que pertence ao território sisaleiro, e desde 1994 mora em Salvador, mas nunca perdeu o vínculo com a região, para onde, agora, foca seu trabalho acadêmico como forma de contribuição. Ele atua junto com os Coletivos de Jovens de municípios como Tucano, Euclides da Cunha, Retirolândia, Valente e Santaluz, dentre outros.

Fonte: Divulgação

terça-feira, 19 de abril de 2011

Shows do Erecom Salvador serão abertos ao público a 10 reais

Quem optou não sair de Salvador no feriadão e estava sem programação, segue uma boa dica. Os shows que acontecerão nas noites de 20 a 24 de abril durante o Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação Social (Erecom) serão abertos ao público. Os ingressos, que podem ser adquiridos no local (Ucsal Lapa), serão vendidos a 10 reais cada noite e o valor arrecadado será utilizado para ajudar no custeio do evento.

Os shows, que fazem parte da programação do Encontro, serão noites temáticas, tendo dois cantores homenageados por noite e muita festa, uma excelente oportunidade para conhecer pessoas de outras cidades da Bahia e de outros estados. Veja abaixo a programação ou acesse o blog para saber também como participar do evento completo.

20/04 (quarta)
Noite do Forró
Homenageados: Carmélia Alves e Luiz Gonzaga

21/04 (quinta)
Noite do rap / reggae
Homenageados: Edson Gomes e Nega Gizza

22/04 (sexta)
Noite do samba
Homenageados: Riachão e Juliana Ribeiro

23/04 (sábado)
Noite afro
Homenageados: Neguinho do Samba e Mãe Stella de Oxossi

24/04 (domingo)

Noite da micareta
Homenageados: Sarajane e Armandinho

sexta-feira, 25 de março de 2011

Abertas as inscrições para o Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação

Os estudantes de comunicação social que desejarem participar do Erecom Salvador 2011 já podem realizar sua inscrição. O valor divulgado da pré-inscrição é de R$50,00.

O evento acontece em Salvador de 20 a 24 de abril, na capital baiana. O tema escolhido para direcionar o debate é A Comunicação como Instrumento de Combate e Superação às Opressões.

Durante o encontro, os participantes estarão envolvidos em palestras, vivências pela cidade e espaços especiais de debate, além de participarem das atividades culturais que ocorrerão todos os dias à noite.

Você pode conferir a programação do evento e das noites culturais e saber mais informações sobre como se inscrever através do blog do evento: www.erecomsalvador2011.blogspot.com

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Reciclando ideias

Poucos dias atrás eu não pude deixar de pensar sobre o ato retrógrado de jogar lixo nas ruas. Eu estava em um ônibus coletivo quando, inesperadamente, uma passageira sentada no assento na minha frente virou-se para trás e, utilizando “minha janela”, arremessou uma lata (acho que de refrigerante) para o lado de fora do veículo. De tanto já ter presenciado cenas iguais a essa, elaborei uma metodologia que, aparentemente, parece infalível. Cada vez que eu perceber que alguém vai se livrar do lixo da forma mais incorreta possível, eu pedirei antecipadamente o objeto e guardarei para colocá-lo em local apropriado para coleta. Só esta ação, por si só, já poderia funcionar e fazer com que a pessoa pensasse duas vezes na próxima ocasião. Sem precisar usar uma só palavra. Infelizmente ainda não fiz meu primeiro experimento, de forma que venho a compartilhar com vocês, para que possam ajudar o meio ambiente e a nossa saúde. Pratiquem!

Fazer com que uma pessoa entenda a importância de não se jogar lixo nas ruas não é uma tarefa fácil. Parece que enquanto ela não visualizar o resultado prático de tal atitude, enquanto não fazer nenhum sentido para ela, não fará diferença. Foi assim comigo. Eu ouvia o alerta via professores, televisão, rádio... Mas uma mensagem sempre passada de forma vazia, descontextualizada; sem sentido. Até que tive a oportunidade de conhecer uma pessoa incrível, uma educadora, que, través de uma fórmula simples, objetiva e clara, mostrou-me a importância da atitude. Fórmula é modo de dizer; na verdade, do que me lembro, ela apenas comentou em uma das atividades que tivemos o quão absurdo e feio era alguém jogar lixo nas ruas. Nesse caso, em especial, foi por uma questão de bom senso estimulado, digamos.

Outra experiência inesquecível e enriquecedora foi durante uma viagem à cidade de Paulo Afonso, na Bahia. Lembro-me que, em conversa sobre a administração municipal com o então prefeito da cidade, fiz alguma pergunta para ele que, certeiro, arriscou responder com um sábio questionamento.

 - Você sabe qual é a cidade mais limpa do mundo?

Naquele momento, viajei pelas cidades mais famosas do mundo, nos seis continentes, e, não chegando a lugar algum, fui interrompido por uma garotinha que também estava na viagem e, certamente, apreciava a cena e via minha agonia.

 - Eu sei.  Posso responder?

O silêncio geral que se fez a autorizava a continuar. E ela, muito inteligente, percebeu.

- É aquela que menos se suja. 

Fui o primeiro a aplaudir, emocionado e meio desconcertado. Ela foi certeira.

Depois destas duas experiências a primeira coisa que percebi foi o quanto as cidades careciam de caixas coletoras nas ruas. O jeito era usar a sacola e os bolsos das roupas até encontrar um local mais adequado para me desfazer do lixo.


Muitos problemas seriam resolvidos, ou pelo menos minimizados, se não jogar lixo nas ruas fosse uma prática coletiva. Os alagamentos maximizados pela obstrução de canais, córregos e afins, por exemplo, é uma consequência corrente nos períodos de chuva. Poluição do meio ambiente também está na lista.

Se você é um (a) daqueles (as) que ainda joga lixo nas ruas, mude. Experimente a sensação gostosa de levar seu lixo até em casa e jogá-lo no local adequado. Mas se isso já é uma atitude constante sua, torne-se, agora mesmo, um educador, mostrando para as pessoas a importância de preservar o nosso ambiente.
Seja lá como for, o importante é ficar com a consciência limpa!

Josevaldo  Campos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Escolas de samba do Rio choram a 30 dias do carnaval

Vi, com tristeza, às 06h30 de ontem (07), o fogo destruindo os galpões da Cidade do Samba, no Rio de Janeiro. Estive no local poucas semanas atrás, e, na oportunidade, visitei também a quadra da Portela, em Madureira, bairro do subúrbio da cidade, como narrei aqui em Retratos Avessos. Foi uma emoção muito grande sentir a energia daquele lugar, todo ornamentado com as cores azul e branco, e a empolgação e carisma dos anfitriões daquela escola. Ontem, a emoção que senti foi triste. O azul e branco cederam lugar para um cinza poluído.

Eu me preparava para deixar o apartamento de um hotel onde eu estava, numa cidade do interior da Bahia, quando vi as imagens iniciais da tragédia pela televisão. Chorei, com todo o sentimento de quem apreciaria e torceria, pela primeira vez, para uma escola de samba do Rio de Janeiro. Era como se eu tivesse feito parte de toda a história daquelas escolas, que tivesse dedicado cada minuto do dia e da noite nos últimos meses para a construção de sonho colorido e festivo. De fato, só restava lamentar.

A decisão de não rebaixar nenhuma escola esse ano e de não julgar os grupos prejudicados (Portela, União da Ilha e Grande Rio) é justa e favorecerá, ainda mais, o espírito carnavalesco. E, embora seja uma informação importante para se evitar problemas futuros de mesma natureza, identificar a origem do incêndio tentando apontar a escola responsável, nesse momento, não importa.

Josevaldo Campos
Foto: G1

sábado, 22 de janeiro de 2011

Peculiaridades

Essa semana viajei da Bahia para o Rio de Janeiro de ônibus, pela primeira vez. Estava ansioso para desfrutar as variações nas paisagens e outras mudanças naturais quando se vai avançando para outras regiões. Ainda no extremo Sul da Bahia, quase no Espírito Santo, paramos para lanchar numa cidade chamada Itamarajú. Local da parada: Posto-hotel Flecha, uma rede presente em muitos quilômetros da BR 101.

Desci do ônibus e, antes de me dirigir à lanchonete, resolvi ir ao toalete. Na entrada do estabelecimento, um homem, de prontidão, oferecia uma comanda para todos do nosso grupo que se aproximava. Dirigi-me ao meu destino inicial e me surpreendi com a qualidade que se encontrava o ambiente. Deu para ver, através dos muitos espelhos que se encontravam no local, minha fisionomia de surpresa. Tudo estava muito limpo e novo, simplesmente impecável e totalmente anormal para o que se costuma presenciar nos postos de parada de “beira de estrada”, como se costuma nomear. Melhor, inclusive, do que o de muitos shoppings de cidades grandes.

Voltei ao ônibus, peguei minha câmera fotográfica e registrei, timidamente, duas fotos. Não ficaram tão legais. Na emoção, acabei não percebendo que a regulagem da máquina não estava apropriada para o ambiente. Sai e me dirigi, com a comanda na mão, até o balcão de atendimento. Era a hora do lanche! Empolgado para um café quente, aproximei da atendente e pedi também um pão de queijo que estava na vitrine. Logo em seguida, um colega do meu grupo se dirige à balconista e pergunta:
 - Quanto é o pão de queijo? – Ela, sem pensar, repete:
 - Pão de queijo – E inicia o procedimento para atendê-lo.
 - Eu perguntei quanto era e ela já foi pegar – Disse ele para mim.
 - Três reais qualquer peça, olha lá – Disse-nos uma terceira pessoa ao nosso lado.
 - Então eu vou querer esse maior aqui, o pastel – Disse ele, apontando fixamente para o alimento, totalmente desproporcional com o meu singelo pão de queijo. “Deve ser de Minas”, pensei, tentando me confortar. Não adiantou. Senti-me lesado e pedi que substituísse meu pequeno mineirinho por um outro salgado. Um fato curioso é que eles (atendentes) não perdem a comanda de vista. Antes mesmo de você decidir o que comer e fazer o pedido eles já estão anotando. E a impressão que se tem o tempo todo é a de que nenhum cliente tem o direito de desistir ou mudar um pedido. Perguntar o preço de alguma coisa, então... Se responderem, a fórmula é certa: valor lá encima e simpatia zero.

Fomos para uma mesa e ficamos a discutir o quanto os preços iam aumentando e o atendimento mudando à medida que seguíamos na direção Sudeste e Sul.
 - Olha ali o que é que está em promoção! – Apontou meu colega.
Olhei para o local indicado e vi sobre a mesa um amontoado de bolachas recheadas. A placa indicava, em destaque: “Promoção! R$2,50”. E o preço nem tava essa Coca-Cola toda!
 - Devem estar vencidas ou perto de vencer. – Arrisquei.
Fui até lá, com uma disposição irreconhecível às 2 horas da manhã, e constatei. Algumas marcavam 01/02 e outras 11/02. Saímos para pagar a conta, mas não sem antes fazermos nossa última observação: preço e limpeza eles têm, agora simpatia, nenhuma.

Josevaldo Campos

Enquanto o trem seguia superlotado...

Na última quarta (19), no Rio de Janeiro, eu e mais três amigos resolvemos ir até a quadra da Portela, a escola de samba. Saímos de metrô do bairro da Tijuca, onde estávamos, e seguimos até a famosa e histórica estação Central. Lá, pegamos um trem com destino à Madureira, bairro do subúrbio do Rio. Era por volta das 18h30, horário de grande fluxo. Sabíamos, pelo número de pessoas que circulava pela estação, que o trem estaria bem cheio, mas jamais poderíamos imaginar que nossa paciência, força e resistência fossem ser testadas ao extremo naquele dia. Quando conseguimos nos aproximar de uma das entradas dos vagões, conseguimos entrar com muita dificuldade.

Depois de muito empurra-empurra, o trem partiu. Enquanto cada um tentava sobreviver e encontrar um espaço para respirar (mexer-se era impossível), um grupo de quatro homens jogavam cartas despreocupadamente, indiferentes às adversidades pelas quais todos estavam submetidos. Quando o trem passava por uma curva, o único suporte que tínhamos para não cair era o corpo das próprias pessoas que desafiavam as leis da física e ocupavam um mesmo espaço.
 - Cuidado com a mesa, cuidado com a mesa – Gritava um dos jogadores ao meu lado, um jovem, trajando um social esporte e munido de todo o seu sotaque carioca.
 - Deixa cair um, deixa cair um que fica vazio – Sugeria ele, sem desviar a atenção do jogo, enquanto o trem ia abandonando uma estação qualquer no percurso.

Conseguimos descer na nossa estação através de muita força e malabarismo. Estávamos todos molhados de suor. Minhas pernas pareciam ter um dos ossos fraturado. O corpo doía. Ainda lembrei de olhar para o trem partindo e ver a calma corriqueira nos olhos dos passageiros, agora mais felizes pelos centímetros conquistados com a nossa saída.

O passeio pela Madureira e a visita à quadra da Portela valeram o sacrifício. Saímos todos de lá vislumbrados com a comunidade e com o coração azul e branco. O trem de volta estava vazio e totalmente sem graça.

Josevaldo Campos