sábado, 22 de janeiro de 2011

Enquanto o trem seguia superlotado...

Na última quarta (19), no Rio de Janeiro, eu e mais três amigos resolvemos ir até a quadra da Portela, a escola de samba. Saímos de metrô do bairro da Tijuca, onde estávamos, e seguimos até a famosa e histórica estação Central. Lá, pegamos um trem com destino à Madureira, bairro do subúrbio do Rio. Era por volta das 18h30, horário de grande fluxo. Sabíamos, pelo número de pessoas que circulava pela estação, que o trem estaria bem cheio, mas jamais poderíamos imaginar que nossa paciência, força e resistência fossem ser testadas ao extremo naquele dia. Quando conseguimos nos aproximar de uma das entradas dos vagões, conseguimos entrar com muita dificuldade.

Depois de muito empurra-empurra, o trem partiu. Enquanto cada um tentava sobreviver e encontrar um espaço para respirar (mexer-se era impossível), um grupo de quatro homens jogavam cartas despreocupadamente, indiferentes às adversidades pelas quais todos estavam submetidos. Quando o trem passava por uma curva, o único suporte que tínhamos para não cair era o corpo das próprias pessoas que desafiavam as leis da física e ocupavam um mesmo espaço.
 - Cuidado com a mesa, cuidado com a mesa – Gritava um dos jogadores ao meu lado, um jovem, trajando um social esporte e munido de todo o seu sotaque carioca.
 - Deixa cair um, deixa cair um que fica vazio – Sugeria ele, sem desviar a atenção do jogo, enquanto o trem ia abandonando uma estação qualquer no percurso.

Conseguimos descer na nossa estação através de muita força e malabarismo. Estávamos todos molhados de suor. Minhas pernas pareciam ter um dos ossos fraturado. O corpo doía. Ainda lembrei de olhar para o trem partindo e ver a calma corriqueira nos olhos dos passageiros, agora mais felizes pelos centímetros conquistados com a nossa saída.

O passeio pela Madureira e a visita à quadra da Portela valeram o sacrifício. Saímos todos de lá vislumbrados com a comunidade e com o coração azul e branco. O trem de volta estava vazio e totalmente sem graça.

Josevaldo Campos

Um comentário:

  1. Quase eu vou nesse trem. Só que já conhecia essas peculiaridades. Hehehe... Pra eles parece tudo normal.

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